A CDU apresentou hoje no Hotel Roma os candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal de Lisboa. Numa sala completamente cheia de activistas, e na presença de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP e de dirigentes do PEV e da Intervenção Democrática, a sessão teve boa cobertura da comunicação social.
Ruben de Carvalho, Jornalista, e Modesto Navarro, escritor, são os cabeças de lista.
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Na sessão de apresentação, Modesto Navarro disse a dado momento: «O PS e o PSD esvaziaram os órgãos deliberativos municipais e de freguesia, ao longo dos anos, destruindo poderes democráticos e a autonomia consagrada na Constituição da República, através de alterações da legislação e retirada de meios financeiros. E, na prática, concorrem para desprestigiar as assembleias, que têm obrigação de acompanhar, vigiar e decidir sobre o que os executivos propõem e realizam.
Ao contrário, pelo nosso lado, também neste mandato podemos afirmar que trabalhámos nos plenários da assembleia, nas comissões, nos gabinetes, nos bairros e nas freguesias, na ligação estreita às instituições, clubes e colectividades, na articulação com os camaradas eleitos na Câmara Municipal, nas Juntas e Assembleias de Freguesia. Praticamos o que há muito definimos em conferências sobre o poder local democrático, respeitando a autonomia dos órgãos e impulsionando a resolução dos problemas da cidade, defendendo os interesses fundamentais das populações e dos trabalhadores, apoiando nomeadamente os mais desfavorecidos e os que combatem pelos seus direitos.»
Ruben de Carvalho, por seu lado, afirmou: «Vivemos nos últimos dois anos uma situação à qual de todo se aplica uma frase célebre, a demonstrar que vale a pena aprender com a História: com os resultados das eleições e a nova maioria (ou, como ironicamente tem sido conhecido, a maior minoria…) do Partido Socialista, mudou alguma coisa para que tudo ficasse na mesma… (...)
Quanto à situação financeira, interessa deixar claro que sendo, como sempre dissemos, grave o endividamento do município, dois aspectos da inteira responsabilidade da actual maioria prolongaram os problemas: em primeiro lugar, a inexactidão, a falta de clareza e rigor com a qual essa situação e respectivos problemas foram quantificados e discutidos, quer pela Câmara, quer pela Assembleia Municipal. Andámos a saltitar de 600 milhões de euros para os 450, depois para 360, com várias parcelas, somas e subtracções pelo meio; em segundo lugar, o conflito absurdamente aberto por António Costa com o Tribunal de Contas, manifestação aliás de um pendor autoritário e agreste que outras manifestações teve, nada compagináveis com uma exigível cultura democrática».
E mais adiante: «O urbanismo do PS de António Costa e Manuel Salgado na Câmara tem-se caracterizado por uma operação, seguramente mais hábil que a da tosca política direita de Santana Lopes ou Carmona Rodrigues (e talvez por isso mesmo mais condenável), mas conducente exactamente às mesmas consequências de desregulamento, ausência de correcção de desmandos, definição de regras urbanísticas que sirvam a cidade e não a especulação imobiliária.»
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As palavras de Jerónimo de Sousa referiram-se essencialmente à situação político-social e financeira do País, mas não deixando de incentivar a CDU de Lisboa a prosseguir a sua função de alternativa no Município de Lisboa: «Força de confiança e de uma só palavra a CDU tem na cidade de Lisboa um património de intervenção política, defesa dos interesses das populações, obra realizada e sobretudo um projecto para a cidade afirmado e construído em sucessivos mandatos. Património de intervenção em defesa da cidade contra os desmandos da maioria de Abecassis e da AD quando outros soçobravam ou colaboravam com essa gestão ruinosa; defesa dos interesses das populações assente numa proximidade aos seus problemas e num conhecimento das suas aspirações traduzidas numa intervenção coerente, combativa e participada; obra realizada ao longo de três décadas, primeiro em importantes freguesias do município e depois na gestão da cidade a partir das responsabilidades assumidas em vários pelouros que deixaram uma inegável e distintiva marca de competência no trabalho municipal; projecto de cidade, capital e centro político do país, mas sobretudo espaço de vivência das suas populações, dos seus bairros e freguesias cujo futuro de bem-estar e ligação à cidade é, e continuará a ser, elemento central de um projecto que coloca no centro dos seus objectivos o interesse dos que vivem e trabalham nesta cidade».
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