terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nota do Organismo de Direcção da Cidade de Lisboa do PCP

Eleições autárquicas

de 11 de Outubro de 2009


Bipolarização e rejeição da candidatura de Santana Lopes condicionaram resultados em Lisboa

CDU vai continuar a trabalhar para mudar as políticas e para se viver melhor em Lisboa

I. Saudação

O Organismo de Direcção da Cidade de Lisboa do PCP saúda os mais de mil candidatos do PCP, do PEV, da Intervenção Democrática e as centenas de independentes que travaram o difícil combate eleitoral ocorrido em circunstâncias excepcionalmente complexas.

Foi graças a esse esforço que, apesar das dificuldades, e ao contrário de outras forças políticas, a CDU resistiu, mantendo-se como grande força autárquica na Cidade.

II. Análise dos resultados

As eleições autárquicas de 11 de Outubro determinaram um cenário novo em Lisboa.

Em resultado da bipolarização acalentada pelo PS e acarinhada na imprensa, com base num falso voto útil, verificou-se uma anormal concentração de votos na lista do PS encabeçada por António Costa.

A CDU perdeu um vereador e ainda 3 presidências de junta de freguesia.

O BE é hoje praticamente inexistente no mapa autárquico da capital: não elegeu vereadores e baixou muito em todos os órgãos.

O PS chegou à maioria absoluta na CML e não tem maioria na Assembleia Municipal. O PSD e o CDS perderam votos e mandatos na generalidade dos órgãos, mas sobretudo na Câmara e na Assembleia, mantendo-se no entanto, em conjunto, com o maior número de eleitos na AML.

A diferença de votos da CDU da Assembleia Municipal e sobretudo das Freguesias para a CML manifesta o óbvio: a CDU foi prejudicada por três fenómenos simultâneos: por um lado, a rejeição popular a Santana Lopes; por outro, a bipolarização ampliada pela comunicação social no seu conjunto, desde a pré-campanha eleitoral; e, por fim, a proximidade entre os actos eleitorais legislativo e autárquico.

Como se nada mais interessasse, esse cenário dominou e absorveu todas as atenções. Tudo o resto se esfumou: nem projectos, nem posturas, nem posições, nem programas nem ideias.

Mas não menos importante foi a rejeição da hipótese de um novo mandato de Santana Lopes como Presidente da CML, levando para a candidatura de António Costa muitos votos da esquerda, os quais seriam insuficientes para obter a maioria absoluta, se não fosse igualmente a transferência de milhares de votos do PSD/CDS para Costa. Sendo Santana quem estava no outro prato dessa balança fictícia bipolarizada, e sabido como Lisboa ainda se lembra dos anos negros da sua gestão à frente da Câmara, essa dose massiva de tendência para a bipolarização acabaria por beneficiar o PS.

Uma análise mais objectiva e séria dos resultados acaba por mostrar que o próprio PSD sai prejudicado pela candidatura de Santana Lopes: em 2007, PSD e CDS somados obtiveram 136 560 votos; em 2009, juntos, não passaram dos 108 457 – votações para a Câmara Municipal. Ou seja: a coligação não somou mais votos e a candidatura de Santana não obteve nenhuma mais-valia: antes pelo contrário, levaram à perda de votos.

III. Perspectivas

Após analisar os erros, fragilidades e insuficiências na intervenção e as consequências das eleições autárquicas, juntamente com os seus parceiros de coligação – PEV e ID –, o Organismo de Direcção do PCP da Cidade de Lisboa considera importante:

  1. Aprofundar localmente os resultados obtidos em cada mesa de voto, de forma a retirar conclusões e melhorar as formas de intervenção local;
  2. Continuar a sua intervenção organizada e procurar melhorar a acção futura de todos os seus quadros e eleitos locais, a bem da população da Cidade de Lisboa;
  3. Continuar a trabalhar com dedicação, honestidade e competência, como sempre aconteceu, junto dos trabalhadores e das populações locais, confiando na acção diária através de contactos directos com as instituições e outras organizações, por parte das dezenas e dezenas de eleitos da CDU em todos os órgãos do Poder Local da Cidade – constituindo em si mesmos uma grande força de intervenção para darem um grande contributo para a melhoria as condições e a qualidade de vida em Lisboa;
  4. Continuar a defender os princípios que norteiam a CDU a nível nacional e a lutar pelos programas de acção com que se apresentou à população;
  5. Alargar a influência diária dos seus eleitos em cada órgão em que se encontram investidos da tarefa de contribuir para uma vida melhor;
  6. Continuar a dar o seu grande contributo para resolver os problemas das populações, no respeito pelos interesses dos cidadãos e da Cidade, e para viver melhor em Lisboa;
  7. Manifestar com seriedade, como sempre aconteceu, a sua disponibilidade e a dos seus eleitos para o trabalho conjunto, como sempre, analisando cada caso em consideração do interesse público em presença e da possibilidade de contribuir para mudar as políticas e defender melhor os interesses dos cidadãos.

Cada eleito da CDU defenderá em cada dia e em cada órgão do poder local de Lisboa, durante todo o mandato, o princípio do primado do interesse público sobre os interesses privados e a defesa dos seus programas de acção, com vista a um reforço de votações, reconhecimento e confiança por parte das populações em toda a Cidade.

A CDU continuará a sua luta na afirmação em toda a Cidade por uma mudança de políticas que vá ao encontro dos interesses dos cidadãos que vivem e trabalham na Cidade.

A CDU é uma força que manterá todos os seus compromissos, designadamente os assumidos na campanha eleitoral.

O Organismo de Direcção

da Cidade de Lisboa do PCP

Lisboa, 20 de Outubro de 2009